17/08/2008

ENTRE O CAOS E A ORDEM – QUEM SOU?

Preâmbulo

Qual é o ritual que preparas para demonstrares uma equação matemática?

E quando vais recitar um poema - como te inspiras na véspera de o anunciar?

Quando vais cantar para uma audiência vazia – como alcanças o dó sustenido?

Como abres a porta que te leva ao transe?

Oeiurewoiuwoeitueroitueroiutioer

É assim mesmo o título deste intervalo, porque absolutamente não sei o que quero dizer – apenas o sinto. Sem forma se entranha no meu tacto. Sem som explode no meu coração. Sem história é a memória arquivada do que venho esquecendo.

Sem memória é o presente: aqui e agora

O início do transe ou a vontade de acreditar que ele existe (continuação do preâmbulo)

Pura imaginação. Minha mesa está cheia de jornais. Os cd’s arrumados na estante e o transe ....

Ah, o transe! Foi o que experimentei um dia quando a sintonia do meu corpo dançou no homem amado. Desde então escrevo. Desde então medito. Quero tocar o invisível, sentir o que não existe, cheirar o que invento. Quero me ver de fora enquanto estiver por dentro. Quero alcançar a lua inventando um soneto.

Quero não querer enquanto penso que existo.

Sou somente a memória daquilo do que julgo lembrar. Sou a memória do que invento. Sou a memória do que ouvi contar.

Não sou nada do que julgo pensar - não existo.

Sou a memória da história que segue – testamento/testemunha do que vivi

Por agora vou escrevendo como se vomitasse o verbo, o predicado e o sujeito que não sei dele. Quando o texto rima faço um parágrafo e finjo poesia.

Só haverá enredo quando o ruido de fora calar em mim como silêncio. Só haverá testemunho do que quero contar quando não for preciso mais respirar. Nessa hora estarei ciente de todos meus sentidos.

Abre o coração (tentativa de escrever a última linha do preâmbulo – como se isso existisse. Como se fosse possível determinar o início)

Aquele beijo que parecia não acabar, durou um minuto no ecrã do cinema Aurora – 144 fotogramas.

Quantas vezes se divide o segundo do que somos quando inspiramos?

Na escola quando o professor Aurélio explicou que Euclides definiu o ponto como “o que não tem partes”, uma posição no espaço – entendi o caos.

Essa compulsão de ordenar determinando a origem, impondo o fim determinou o choro a cada fim anunciado. Por isso não acabo esse preâmbulo inventado. Quem te disse que comecei se ainda mal acabei?

Abre o teu coração - infinitamente

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