27/04/2014

andorinhas na primavera

Por aqui sonham os velhos, porque os jovens partem e fogem do nada que nos embriaga.
Procuro em ti a razão da tormenta, porque em cada despedida há um pedaço meu que (se) parte.
Cansa-me a ficção quando abro a carteira e tenho de escolher entre a bica e o pão.
Há um vale de margaridas e eu penso no desperdício da terra que devia ser semeada com o trigo, porque não vejo senão as barrigas que crescem com a fome.
Por aqui, desiste-se e eu lembro-me de ti que partiste antes do fim.
Não há beleza que se instale porque a dor da derrota é maior.
Entre a bica e o pão, conto o tostão. Hoje não há escolha a fazer senão abrir a mão.
Que haja alguém que junte ambas e reze pelo bem dos que ainda dormem.
Fala-me da primavera que hoje o dia está manso.
Ainda não vi as andorinhas, nem as gaivotas no mar.

Sem comentários:

Enviar um comentário