22/10/2013

festa

Dizia que um dia, o dia seria feito de festa. Com estrelas, chuva e confetes. Que a deixariam dançar sem temer a rua, nem o homem do povo que a levaria em bicos de pés até à avenida. 
Fez dos vestidos fantasia, da roupa usada cenário e fotografia. Pés descalços porque nem o inverno a vencia. Pés molhados porque era assim que a natureza pedia. Contou aos pais, enquanto era criança, a cada homem que amou, aos filhos e aos netos, que um dia seria dia de festa. Com estrelas, chuva e confetes. Deixou comigo o desejo dela. Tenho de dar um nome ao eucalipto que me vê pela janela. É como ela era, velho. Tem o tronco sempre a descascar e não se importa.

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