Vila Celeste, 11 de Maio de 2000
Um panfleto circulou pelas ruas chamando o povo. Rezava assim a publicidade:
Não perca o "Primeiro Desfile Primavera/Verão das Trabalhadoras de Sexo
Da aldeia meia dúzia de jovens, meia centena de velhos. Mais de um milhar de estrangeiros curiosos. Maria envergonhada escondia a mão direita nervosa. A velha espiava pelos binóculos do falecido. Seu José na esquina lambia os beiços. No palco, uma bandeira esvoaçava ao som do refrão:
Somos putas, somos putas
a mais velha profissão
Somos putas, porque não?
Ninoca, trabalhadora da ONG distribuia sorrisos. Com uma embalagem na mão esquerda, gritava:
- Sexo é bom com camisinha! Verdes, amarelas, azuis com sabor a hortelã...
Nenhum partido político compareceu. Nem para apoiar ou censurar. Nestes eventos os políticos perdem-se. Um ou outro ousou aparecer disfarçado de povo.
Com um sorriso desavergonhado, Oncinha anunciou:
- Povo Celestino! Esta é uma data histórica para todas nós, mulheres. Aqui nesta vila com o nome da nossa padroeira, inauguramos o nosso primeiro desfile.Uma roupa democrática que não escraviza gordas, ou magras e não escolhe idade. A estudante, a senhora casada e até a viúva enlutada pode vestir. Uma roupa que atende a ricos e pobres.
Entre santos e pecadores, o sexo comercial foi legalizado, contra a vontade da igreja pela voz de Régio.
Em Novembro desse ano, Dario resolve moralizar os costumes e toma o poder com Régio.
Anuncia novos impostos. Joga golfe todos os dias. Num campo verde de mentira, feito a dor que a gente sente.
Brutti, sporchi e cattivi e o povo unido jamais será vencido!
Nosso povo virou plástico. Ao menor sinal de fogo - derrete!
Um ginásio a cada esquina. No bar, tofu e aguardente. Em cada semáforo um oriental falsificado que faz Tai-Chi. Na mão direita envergam uma bandeira vermelha.
Queimaram os filmes e do mar só resta o som. Desde então o céu mudou de cor - cinzento. No horizonte ergueu-se um muro a esconder o infinito.
Deus segreda todos os dias qual a cor do mar de outrora. Não sabe qual a cor dele agora.
Um panfleto circulou pelas ruas chamando o povo. Rezava assim a publicidade:
Não perca o "Primeiro Desfile Primavera/Verão das Trabalhadoras de Sexo
Da aldeia meia dúzia de jovens, meia centena de velhos. Mais de um milhar de estrangeiros curiosos. Maria envergonhada escondia a mão direita nervosa. A velha espiava pelos binóculos do falecido. Seu José na esquina lambia os beiços. No palco, uma bandeira esvoaçava ao som do refrão:
Somos putas, somos putas
a mais velha profissão
Somos putas, porque não?
Ninoca, trabalhadora da ONG distribuia sorrisos. Com uma embalagem na mão esquerda, gritava:
- Sexo é bom com camisinha! Verdes, amarelas, azuis com sabor a hortelã...
Nenhum partido político compareceu. Nem para apoiar ou censurar. Nestes eventos os políticos perdem-se. Um ou outro ousou aparecer disfarçado de povo.
Com um sorriso desavergonhado, Oncinha anunciou:
- Povo Celestino! Esta é uma data histórica para todas nós, mulheres. Aqui nesta vila com o nome da nossa padroeira, inauguramos o nosso primeiro desfile.Uma roupa democrática que não escraviza gordas, ou magras e não escolhe idade. A estudante, a senhora casada e até a viúva enlutada pode vestir. Uma roupa que atende a ricos e pobres.
Entre santos e pecadores, o sexo comercial foi legalizado, contra a vontade da igreja pela voz de Régio.
Em Novembro desse ano, Dario resolve moralizar os costumes e toma o poder com Régio.
Anuncia novos impostos. Joga golfe todos os dias. Num campo verde de mentira, feito a dor que a gente sente.
Brutti, sporchi e cattivi e o povo unido jamais será vencido!
Nosso povo virou plástico. Ao menor sinal de fogo - derrete!
Um ginásio a cada esquina. No bar, tofu e aguardente. Em cada semáforo um oriental falsificado que faz Tai-Chi. Na mão direita envergam uma bandeira vermelha.
Queimaram os filmes e do mar só resta o som. Desde então o céu mudou de cor - cinzento. No horizonte ergueu-se um muro a esconder o infinito.
Deus segreda todos os dias qual a cor do mar de outrora. Não sabe qual a cor dele agora.
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