Nesta manhã de Domingo acordei Maria Silva, a lembrar-me da lista de todos os nomes perdidos nas celas, aprisionados por terem outros nomes. Hoje acordei Maria, mulher do povo, desconhecida, sem precisar de mais um nome de novo. Hoje sou Maria, como a Madalena que beijou-te sem medo, despudorada amante sem nome, Maria de novo. Hoje acordei Maria e rezei por eles, de morte matada, cristãos, ateus, budistas, mulçumanos, poetas, pintores, operários, negros, judeus, homens, Maria de novo.
Hoje acordei sem ar, sem nome algum para contar, história que quero enterrar.
Maria como a flor amarela que sorria enquanto morria.
verde é a terra
castanha regada
floresta sem nome
reconhece o corpo
que a ti regressa de novo
noutra terra vermelha
nascido antes
branca é a montanha
que te guarda
coberta de neve
em tempos doce
quase sem cor
negra tão negra é a dor
que te leva sem rumo
amanhece no campo
feliz o trigo por ti cultivado
brota na terra a flor
outrora sem dono
colhe sem pressa o tempo
descansa em ti um sorriso
verde, castanho molhado
de amor.
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