06/07/2006





-Vou a rua do Carmo fazer um intervalo. Suspender o tempo. Se houver flores prefiro comprar um cravo encarnado. Visto um fraque emprestado – amarelo. Assim faço um quadro. Vermelho e amarelo é o cheiro deste tempo que paro. Não canto o hino da pátria amada – deixo isso a quem ficou de fora do círculo por mim desenhado. Na rua do Carmo invento o cravo – um prelúdio improvisado. Assim é o tempo do tempo que paro – um intervalo.

- Não preferes a rosa amarela? Rima com Florbela…
- Não. Deixa que a pausa invente o poente. Faz do silêncio teu presente. Toma um café que se faz tarde…
- Pois. É tarde.
- O Tito sem pito inventa o apito… Casa comigo. Dou-te um par de netos alfacinhas ..
- Bebeste?
- No meu ventre nasce o ocaso. Vou parir na Costa Rica
- Bebeste?
- Uma rosa amarela? A combinar com Florbela? Vera – rima com primavera? Parte com arte?
- O que tens?
- Queres outro café? Dou-te Sol. Queres partir dou-te Ré. Mas Mas se quiseres somente continuar a estar dou-te a pausa prometida. Essa mesma. Inspira, suspende, abandona a palavra que te prende.
- ?
- Dás-me um intervalo?

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